O Mercado de Petrópolis, em Natal (RN), celebrou o Dia
Nacional do Escritor neste último dia 25/07, com programação especial em
homenagem ao médico, professor, escritor e crítico literário potiguar Esmeraldo
Siqueira (1908-1987), personalidade que empresta o nome à Rua Da Literatura, no
Mercado.
O ponto alto da programação foi a palestra de Juliano
Siqueira, filho do homenageado, militante, ex-preso político e também escritor
e professor, sobre a vida e a obra do pai.
Vale ressaltar que o Mercado de Petrópolis é um
importante espaço cultural na capital do Rio Grande do Norte e possui 56 boxes
que contêm lojas de artesanato, restaurantes, sebos, confecções, moda praia,
oficina de restauração de peças antigas e lojas de antiguidades.
O homenageado na ocasião, Esmeraldo Homem Siqueira,
nasceu na cidade de Vila Nova (hoje, Pedro Velho), no Rio Grande do Norte, em
16 de agosto de 1908.
Foi um humanista portador de uma cultura enciclopédica,
considerado um dos maiores poetas da história do RN.
Formou-se em Medicina pela tradicional Faculdade do
Recife, em 1933, e atuou como médico nos anos 30 na região do Seridó e em
Natal.
No início dos anos 1940, até o final da década de 1970,
trabalhou como professor de História Natural e de Língua e Literatura Francesa,
respectivamente na Escola Normal e no Colégio Atheneu, até então a principal
escola da cidade.
Participou da fundação das primeiras unidades da UFRN.
Em 1949 funda, com outros colegas, a Faculdade de Farmácia e Odontologia -
primeira escola superior da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - onde
lecionou a cadeira de Botânica Farmacêutica.
Foi também um dos fundadores da Faculdade de Filosofia,
à qual vinculou-se depois que essa instituição acadêmica foi incorporada à
UFRN.
Em 1957, fundada a Faculdade de Filosofia de Natal,
passa a lecionar Língua e Literatura Francesa.
Aposenta-se em 1958 na cadeira que ocupava na Faculdade
de Farmácia.
Suas aulas, cultas e descontraídas, ficaram famosas por
atraírem grande número de alunos, inclusive vindos de outros cursos.
Ingressou, a convite, na Academia Norte-rio-grandense
de Letras em 1949.
Era um homem de temperamento forte, contrário às
reverências aos poderosos e aos círculos de privilegiados, preferindo o
trabalho intelectual solitário que exercia habitualmente à noite, após
encerrada a jornada diária pelos colégios onde ministrava aulas.
Deixou dezenas de livros editados versando sobre temas
da literatura clássica europeia, sobretudo francesa, mas também sobre temas da
cultura brasileira.
Na palestra, Juliano Siqueira fez um retrospecto da
vida e obra de Esmeraldo, revivendo os momentos importantes, causos e o legado
deste grande poeta e humanista potiguar.
Ressaltou o convívio com intelectuais de esquerda no
Rio Grande do Norte, entre eles, a grande amizade entre Esmeraldo e o poeta e
jornalista Othoniel Menezes, que produziu o jornal “A Liberdade”, Órgão Oficial
do Governo Popular Revolucionário instalado em Natal em 1935.
Ao falar da relação do pai com a sua formação política
e militância, destacou a indicação de leitura que fez e que o influenciou para
toda a vida: “O primeiro livro que ele (o pai) me presenteou foi Origem da
Família, da Propriedade Privada e do Estado, de Friedrich Engels, depois ele me
deu outro livro O Estado e a Revolução, de Vladimir Ilitch Ulianov Lenin, e
para completar, o Manifesto Comunista de 1848, de Marx e Engels.
E ali eu fiz minha opção de vida.
Quando terminei de ler o Manifesto, conversei com meu
pai e ingressei na juventude comunista.
Ele disse: “Você escolheu o seu futuro!”
O legado de Esmeraldo Siqueira é muito importante para
a memória e, acima de tudo, a identidade potiguar, sua história política e suas
influências na cultura até hoje, através do resgate desse grande intelectual.
São figuras como a de Esmeraldo que fazem da brasilidade
cultivada em cada região do país um bem precioso para todo o povo
brasileiro.
Sebastião Matias
Sebastião Matias
FONTE INVERTA
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